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O perigo pode passar despercebido por quem olha desatento a paisagem exuberante da capital do Piauí: Teresina é tão vulnerável aos destemperos do clima como Porto Alegre, pois as duas cidades foram erguidas sobre extensas áreas de várzeas e baixadas. Cortada por dois rios cuadalosos, situada numa região sempre castigada por tempestades tropicais, Teresina está permanentemente sujeita às intempéries.

Existem atualmente 56 áreas monitoradas pela Defesa Civil devido ao risco de alagamentos. Essas áreas são majoritariamente compostas por ocupações irregulares nas quais os imóveis são especialmente vulneráveis. Elas ficam localizadas principalmente nas zonas Leste e Norte (Lagoas do Norte e Grande Santa Maria), mas podem ser vistas em todos os quadrantes da cidade.

Quem abserva a paisagem com atenção já notou o paradoxo: enquanto os bairros mais centrais e ricos passam por um surto de desenvolvimento, há milhares de famílias vivendo em precaríssimas e paupérrimas casas de taipas. Oficialmente, são 5.938 casebres feitos de barro, madeira e lona, boa parte situada em locais de alto risco de inundações.

À direita de quem desce a Av. Rio Poti em direção ao centro da cidade, por exemplo, há uma enorme invasão do lado direito, pouco antes da Ponte do Poti Velho. Dezenas de casas de pau-a-pique estão sendo plantadas na margem norte do rio. Do outro lado, à esquerda da via, um out-door fincado no solo úmido anuncia um loteamento em plena várzea.

Invasão de área de várzea no Poti Velho: ameaça que a Prefeitura deixa crescer sem intervir.
Ocupação em área de várzea às margens do Rio Poti

Como a Prefeitura não intervém, as invasões acabam se consolidando e viram bairros de risco. A falta de ação do Poder Público equivale a permitir tacitamente que essas ocupações se transformem em fatos consumados. Uma vez fixadas as famílias, é praticamente impossível removê-las e abrigá-las em álocais adequados e seguros.

Na verdade, o que falta a Teresina são políticas ambiental, fundiária e habitacional para atender ao imenso déficit de moradias para a população de baixa renda. Hoje 55 mil famílias vivem na capital. O número, assombroso, cresce ano a ano sem que nada seja feito.

A omissão da Prefeitura funciona como um catalisador. O proselitismo político também atua como coadjuvante, uma vez que sempre resta o argumento falacioso de que a populaçao marginalizada é quem escolhe seu destino.

POA X THE

Esse tipo inequívoco de prevaricação ambiental e estrutural escora-se muitas vezes sobre o argumento de que Teresina não é uma das cidades mais chuvosas do Brasil, o que é verdade. O índice pluviométrico médio anual da capital do Piauí é de 1.451 mm. Em outras capitais como Belém, Manaus e Macapá, chove mais de 2000 mm. por ano.

Porto Alegre tem uma um índice pluviométrico ainda menor que Teresina: 1.320 mm. por ano. Ou seja: se a meteorologia se comportar como mandam as métricas do clima, aqui choverá 10% mais do que em Porto Alegre todos os anos.

Mas as médias dizem pouco em um ambiente de imponderabilidade climática. Em Porto Alegre, por exemplo, a água que caiu em duas semanais representou quase metade de tudo o que deveria chover este ano.

Se a catástrofe climática que se abateu sobre a capital do Rio Grande do Sul se repetir no Piauí, a conta da tragédia será despejada justamente sobre essa população mais vulnerável — os moradores das casas de taipas ribeirinhas e as 55 mil famílias de sem-teto.

A falta de planejamento e gestão também cria problemas ambientais que podem amplificar as consequências nefastas de um repique climático. Depois da ocupacão irregular de áreas de vázea e encostas de morro, como se vê no Bairro Uruguai, a falta de água tratada, o esgoto que escorre a céu aberto e a pavimentação feita de qualquer maneira, sem bocas-de-lobo e galerias de águas pluviais, aumentam a impermeabilização e agravam as enchentes.

É por esta razão que o projeto Teresina Capital Verde, que em breve irei a apresentar, impõe a elaboração de políticas ambientais que previnam os riscos e obriguem os órgãos públicos do município a respeitar a emergência climática. Regularizar assentamentos, prover moradias seguras, demarcar e desocupar áreas de risco é urgente e imprescidível!

Ainda é tempo de evitar que o aquecimento global faça com os piauienses o que fez com os gaúchos. Todos os alertas estão dados. Não há mais quem divide das consequência do aquecimento da atmosfera do planeta. Não é possível mais aceitar a omissão, justificada quase sempre com o argumento falso e desonesto de que a fatalidade é invetiável.

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Uma resposta

  1. Bom dia , estou depositando minha confiança em você, vou com você até o fim e na certeza que será um fim vitorioso.

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